O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou ontem (06) que começou a vender produtos na plataforma do Mercado Livre neste mês, e itens alimentares devem ser estocados nas centrais dessa empresa, que fará a entrega. O Mercado Livre tem cinco centrais no país — chegará a oito até dezembro. O GPA ainda começará a vender no on-line da Americanas (do grupo B2W) e no Supernow (também da B2W) em maio.
Apesar dessa evolução, o GPA diz que precisa avançar mais rápido para recuperar o “tempo perdido” no digital, mas disse que não fará isso de forma desorganizada.
“Saímos um pouco atrasados, estamos recuperando o tempo perdido e o crescimento vai vir mais robusto na plataforma digital. E os acordos feitos são medidas de mitigação”, afirmou o presidente, Jorge Faiçal, em teleconferência com analistas.
Nesta semana, o grupo ainda começa a venda de mercadorias pelo iFood. Na Rappi, a venda se iniciou em fevereiro e 136 lojas servem como ponto de coleta de mercadorias para entrega da compra on-line. Também já começou neste ano a venda pelo Cornershop, com 310 lojas atendendo os pedidos por meio dessa plataforma.
O comando do grupo ressaltou que houve perda de participação de mercado no alimentar no primeiro trimestre, porém entende que o avanço a novas plataformas devem reverter esse quadro. A ação da empresa caía neste início de manhã na B3.
“Perdemos ‘share’ no primeiro trimestre de forma leve, mas os dados mostram que, no varejo ampliado [venda medida pelo IBGE] o alimentar mostra resistência”, disse Jorge Faiçal, presidente do GPA. “Entendemos que para ganhar esse jogo temos que estar em todas as pontas, na venda direta, no marketplace nosso e no marketplace de terceiros. A competição se dará pela melhor entrega, pela capacidade de criar promoções assertivas, pela entrega de itens frescos e não cobrar isso do consumidor”, afirmou.
“Faremos isso sem crescer de forma desorganizada e sem afetar rentabilidade”, afirmou.
No seu próprio marketplace, a companhia vai focar em oito categorias como cervejas artesanais, petcare, vinhos e outros, com foco maior aquelas que suas lojas são referência de mercado.
O grupo ainda foi perguntado por analista sobre o fato de alguns concorrentes terem melhores números no primeiro trimestre. Faiçal disse que “nós comparado com eles temos diferentes mix de vendas por isso o impacto é diferente”. Apesar de mencionar essa composição, a direção afirmou que há um reflexo da estratégia adotada pela própria empresa, que não ajudou na venda de certos itens, como eletroeletrônicos.
“Houve uma alta maior na venda on-line, também na venda on-line de eletro e no avanço dos ‘last miles’ [redes com boa entrega na última milha]. Nossos concorrentes tem mais de 70% do crescimento na venda vindo dessas premissas […] Não estamos focados no eletro no digital e perdemos ‘share’ nisso. Não significa que não vamos vender no on-line de eletro ao longo do tempo”, afirmou o executivo.
A receita líquida do GPA no Brasil caiu 2,9% de janeiro a março, ou seja, perderam mercado já que o setor cresceu mais que a empresa. A alta nas vendas de 4,9% na companhia como um todo teve efeito da operação internacional, do grupo Éxito.
O concorrente, Grupo Carrefour Brasil, no braço de varejo, teve vendas de R$ 5,4 bilhões no mesmo período, crescendo 9,6% considerando on-line e lojas. No físico, a alta atingiu 9%. O Carrefour publicou sua prévia de vendas, mas ainda não informou dados de lucro e margens, o que deve ocorrer na próxima semana, na divulgação de balaço.
Sobre o segundo trimestre, Faiçal afirmou que o período deve ter “algum nível de dificuldade porque foi quando, no ano passado, se beneficiou mais do fechamento abrupto de restaurantes”, disse. “Mas estamos numa taxa de recuperação. Maior veio melhor que abril, e abril foi difícil e sofreu impactos de Brasil e Colômbia. Porém estamos confiantes com recuperação de posicionamento no segundo semestre”.
Imagem: Money Times/Lucas Simões
FonteValor Econômico
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