Para começar, encontrará um ambiente externo negativo, carregado de incertezas. Da recessão global só falta saber a intensidade e a duração. Os grandes bancos centrais deverão empurrar os juros às alturas, há muito não vistas, para combater a inflação que se encaminha para os dois dígitos. O Banco Mundial acaba de reprojetar o avanço do PIB da China em 2022 para apenas 2,8%, em razão dos estragos provocados pela adoção da política “covid zero” e dos problemas que atacam o setor imobiliário.
As economias da zona do euro e da Inglaterra estão capengando e enfrentam séria crise energética. Ninguém sabe quais estragos ainda serão produzidos pela guerra na Ucrânia e pelas sanções à Rússia. É uma paisagem que deve reduzir em proporção desconhecida os preços das commodities e, portanto, as exportações do Brasil.
Como o mercado global continuará inundado de dinheiro, é possível que os capitais continuem fluindo para o Brasil, principalmente porque a freada da produção deverá desencorajar muitos investimentos lá fora.
Na área interna, a principal encrenca é fiscal. O teto de gastos já não está sendo respeitado e ameaça ser revogado. Falta saber qual será a nova âncora fiscal.
Ainda no primeiro trimestre de 2023, o novo governo terá de decidir como lidará com as despesas do Auxílio Brasil, com a derrubada da arrecadação do governo federal e dos Estados produzida pelas renúncias tributárias sobre os preços dos combustíveis e em outros produtos e serviços. A inflação estará mais branda, mas esse efeito está sendo produzido em boa proporção pela redução de impostos sobre os combustíveis e em certa medida pode ser temporário.
Até agora, não há solução para a desidratação crônica da indústria de transformação, os problemas ambientais são enormes e já custam perigosa redução das exportações, por falta de uma política ambiental séria e por falta de controles. Os principais candidatos à Presidência não apresentaram propostas confiáveis nessa área.
E há a agenda ainda não atacada das reformas: administrativa, tributária e política.
Em contrapartida, quatro setores continuam em forte expansão, apesar das omissões dos sucessivos governos: o agronegócio, a produção e extração de petróleo, a mineração (principalmente do ferro) e as energias renováveis (eólica e solar).
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