Por Julio Cesar Lyra — Rio de Janeiro
Os seguranças que espancaram um homem de 25 anos em um supermercado de Bauru, no interior de São Paulo, foram demitidos, segundo a rede Confiança, onde aconteceram as agressões, no dia 7 de junho. O jovem foi até o local comprar quatro cervejas, um pacote de papéis-toalha, um vinho e chocolates. Um dos bombons, no entanto, não foi registrado no caixa.
A defesa da vítima alega que, sem perceber, ele guardou o item no bolso. Ao sair do estabelecimento, foi abordado pelos seguranças, que o agrediram em público e, depois, em uma sala privada. Todas as cenas foram registradas pelo circuito interno do estabelecimento.
Representante do homem espancado pelos seguranças, o advogado Ricardo Baraviera diz que ele foi ao supermercado realizar as compras para um jantar na companhia de sua namorada e de uma amiga do casal. O chocolate que motivou a sessão de violência custa R$2,86 e, segundo o advogado, é mais barato que os outros comprados pela vítima das agressões.
Seguranças de supermercado espancam cliente por suspeita de furto
O homem relata que, ao tentar sair do supermercado, foi abordado pelos seguranças, que o seguraram pelo braço e, sem dar explicações, empurraram para dentro do estabelecimento novamente. No local, o teriam chamado de “vagabundo” e “ladrão”. Ele, então, teria tentado explicar que pagou por tudo o que carregava, e que cooperaria para esclarecer o que considerou ser um mal entendido.
Ainda assim, segundo Baraviera, os seguranças optaram por agir de maneira violenta, como mostram as imagens registradas pelo circuito interno do mercado. Enquanto arrastavam o suspeito pelos corredores do estabelecimento, alguns dos agentes já desferiam socos e agrediam o cliente. Na sala reservada, mais agressões. Em um dos momentos, é possível ver que outro funcionário chega a tentar segurar um segurança que começou a aplicar diversos golpes contra o homem.
O caso foi registrado virtualmente e é apurado pela Polícia Civil de São Paulo. De acordo com o advogado, a ocorrência deve tramitar na Polícia Judiciária de Bauru. Até a publicação desta reportagem, a Secretaria de Segurança Pública ainda não havia respondido se os funcionários envolvidos nas agressões chegaram a depor ou vão responder por algum crime. Para o advogado, o caso pode configurar tortura e cárcere privado:
— Ele tomou um soco e depois uma mata-leão, isso na frente de todos os clientes. Foi levado a uma sala reservada, onde os seguranças deram socos e chutes e ameaçavam ele no sentido de que iriam “pegá-lo na rua” depois, mandando ele confessar que tinha furtado o chocolate e dizendo para ele “aprender a não fazer mais isso”. Estou com uma peça pronta pedindo a instauração de inquérito de apuração dos crimes de tortura e cárcere privado — explica Ricardo.
Em nota, o supermercado afirmou que “repudia qualquer tipo de violência” e considera a situação ocorrida no estabelecimento “gravíssima e inadmissível”. A rede Confiança diz, ainda, que “reafirma o compromisso com a segurança de todos os clientes e colaboradores”.
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