13 de maio, 2024

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Brasil corre risco de ficar estagnado

Por Notas & Informações

Os brasileiros não podem contar com um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) significativo neste e no próximo ano, mostram os principais indicadores macroeconômicos. O dado mais recente nesse sentido foi o recuo de 0,04% em janeiro do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR). Com isso, houve uma queda de 1,28% no trimestre encerrado em janeiro.

Na semana passada, foi a vez de o Fundo Monetário Internacional (FMI) acompanhar as previsões de bancos e consultorias ao revisar para baixo a estimativa de crescimento do País. Em janeiro, a entidade esperava um aumento – modesto – de 1,20% do PIB; agora a expectativa é de que a expansão nem chegue a 1% e fique em apenas 0,90%. Essa é também a média das estimativas colhidas pelo BC no mercado financeiro no Boletim Focus. O que significa que vamos crescer em 2023 menos do que países como a Índia e o México e muito menos do que o necessário para reduzir a desigualdade de renda e a criação de empregos com salários menores.

Mais alarmante ainda é a perspectiva de que também 2024 seja um ano muito fraco economicamente, como mostram as projeções do FMI e dos especialistas. Um dos pontos de estrangulamento do PIB é a oferta de crédito muito restrita, como projetam os próprios bancos. Numa consulta feita pela Febraban e divulgada na semana passada, os bancos informaram que vão aumentar em apenas 5,1% a concessão de financiamentos para empresas, para citar só um dado.

Sem crédito, empresas e consumidores já estão com a roda travada. Aumentaram a inadimplência e os pedidos de recuperação judicial, caiu o número de fusões e aquisições, diminuiu ou acabou o interesse em expandir fábricas e lojas e os negócios de forma geral.

Uma das razões para esse cenário, como já foi apontado muitas vezes, é o nível elevado das taxas de juros em termos reais no Brasil. Mas não se pode descartar o impacto de outros acontecimentos, como os problemas contábeis das Lojas Americanas, que tornaram os bancos mais cautelosos em liberar empréstimos. Também pesou o cenário internacional, com o susto no mercado financeiro dado por dificuldades em bancos nos Estados Unidos e na Suíça.

Não há dúvidas também que essa situação é resultado, em parte, da política econômica tocada pelo recém-encerrado governo de Jair Bolsonaro. Seu superministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu mundos e fundos na política fiscal e no crescimento do PIB. É certo que houve pandemia e guerra na Ucrânia, fatores que obviamente impactam o resultado, mas a desorganização das contas, promovida pelo populismo eleitoreiro de Bolsonaro, nada teve a ver com a covid-19 nem com a agressão russa.

O governo Lula deu alguns passos importantes para promover o crescimento do PIB, como o anúncio de um programa fiscal, conforme pedia o mercado financeiro, mas é preciso mais. Falta um plano ambicioso, a ser tocado em conjunto com o setor privado, que tire o Brasil de um padrão de crescimento de ridículos 2,3% em média ao ano, como se verificou nos últimos 40 anos. Lula pode se queixar do pessimismo, mas só lamúrias não farão o Brasil sair de sua longa pasmaceira.

https://www.estadao.com.br/opiniao/brasil-corre-risco-de-ficar-estagnado/

 

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