13 de maio, 2024

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Névoa econômica e o novo governo

Notas&Informações, O Estado de S.Paulo

Dissipar a névoa econômica deve ser uma das principais tarefas do presidente eleito e de sua equipe, neste fim de ano e nas primeiras semanas de mandato. Um horizonte mais claro é essencial para os grandes investidores, para os empresários, para as famílias e também para os formuladores da política de juros, muito importante para as condições de consumo e de produção. A última decisão sobre os juros básicos, mantidos pela segunda vez em 13,75%, foi tomada diante de um cenário com “visibilidade abaixo do normal”, segundo avaliação do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). A deliberação foi oficializada na quarta-feira, 26/10, na reunião periódica do grupo, quatro dias antes do segundo turno da eleição.

A visibilidade é muito baixa até 2024, em todo o horizonte relevante para as decisões políticas sobre juros e crédito, ressalta o Copom, formado por diretores do BC. A grande incerteza sobre o curto e o médio prazos, citada na ata da última reunião, foi destacada neste ano em todos os comunicados do Comitê. A insegurança quanto à evolução da economia brasileira decorre de fatores externos e internos.

Fortes pressões inflacionárias, juros em alta e perda de ritmo das atividades marcam o cenário internacional. Todos esses fatores embutem riscos para o Brasil. O aumento de preços nas grandes economias e o aperto financeiro impõem cautela ao Copom, tornando perigosa uma rápida redução da taxa básica no País. Além disso, uma desaceleração mais forte da economia mundial pode prejudicar as exportações e afetar as contas externas brasileiras, por enquanto bastante sólidas.

Do lado interno, as incertezas sobre a evolução das contas públicas compõem o principal fator de insegurança mencionado na ata da última reunião do Copom. As bondades eleitoreiras do presidente Jair Bolsonaro inflaram os custos orçamentários previstos para 2023, motivando mais preocupações em relação ao quadro fiscal. Também o candidato da oposição assumiu compromissos custosos, como o de manter o Auxilio Brasil de R$ 600. No projeto de Orçamento ainda no Congresso está previsto o valor de R$ 405. Por esse e por outros compromissos, também o candidato Luiz Inácio Lula da Silva, eleito no segundo turno, contribuiu para tornar inseguro o quadro fiscal do próximo ano.

Com essas incertezas, é compreensível a cautela do Copom. Além do cenário enevoado de 2023 e de 2024, é preciso levar em conta a inflação interna ainda elevada, apesar do recuo recente. Pelas últimas projeções do mercado, resumidas no boletim Focus de segunda-feira, a inflação deste ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 5,61%, superando mais uma vez o teto da meta (5%). A estimativa para 2023 foi mantida em 4,94%, repetindo a da semana anterior. A taxa básica de juros deve diminuir de 13,75% para 11,25% no próximo ano, de acordo com a pesquisa. Ainda muito alta, será um entrave ao crescimento: um motivo a mais para o presidente eleito cuidar da redução da insegurança.

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